quinta-feira, 5 de maio de 2011

Estrutura conceptual do Plano Oficial de Contabilidade

“Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria .../...

Na vida superior a teoria e a prática completam-se. Foram feitas umas para a outra."

Fernando Pessoa (Revista de Comércio e Contabilidade n.º 1, de 1926, p. 5)


Normalização contabilística em Portugal



Definição


Normas contabilísticas

São princípios contabilísticos que servem de regras a observar na apresentação das demonstrações financeiras.



O Decreto – Lei nº 158/2009, de 13 de Julho, veio aprovar o Sistema de Normalização Contabilístico (SNC), no qual se previu a publicação em portaria do Código de Contas.

A planificação e normalização contabilística apresentam algumas vantagens:



Informações mais precisas e uniformes
Devido à utilização de procedimentos contabilísticos generalizados e comuns a todas as empresas.
Confiança e transparência das informações
Devido à utilização de uma terminologia uniforme, bem como de conceitos, regras, contas e documentos.
Estatísticas mais credíveis
Os dados obtidos são mais exactos e de análise mais fácil.
Uniformização do ensino da Contabilidade
Facilita o ensino e a aprendizagem da contabilidade.

Desvantagens:
Todas as empresas estão sujeitas às mesmas regras ou normas, independentemente da sua natureza jurídica ou dimensão.As empresas estão menos motivadas para a investigação contabilística, uma vez que têm de cumprir as regras que lhes são impostas.
        
       
 Importância de uma estrutura conceptual para a contabilidade financeira

Com o evoluir da actividade comercial, sobretudo a partir do inicio do Séc. XX, as empresas começaram a abrir filiais, primeiro no próprio país e depois no estrangeiro. Uma das dificuldades que estas empresas sentiram residia na indisciplina ao nível de procedimentos contabilísticos, que não permitiam a leitura fácil e coerente dos dados fornecidos e a sua comparabilidade entre empresas.

Verificou-se, pois, a necessidade de se caminhar para a normalização contabilística.

Assim, em vez de cada empresa utilizar os seus próprios nomes e definições para as suas contas, procurou-se que todas utilizassem os mesmos critérios de forma idêntica.

A normalização contabilística está consubstanciada em modelos contabilísticos, documentos que, de tempos a tempos, resumem e sumariam os dados obtidos e registados pela contabilidade.

Modelo contabilístico

É uma maneira simples de representar a realidade complexa, de modo a que terceiros a possam compreender.

Os modelos contabilísticos facilitam a gestão empresarial, na medida em que permitem planificar, medir e controlar, de modo científico, as actividades desenvolvidas ou a desenvolver na empresa.

Os modelos contabilísticos são elaborados tendo em atenção três aspectos:

Convenções ou princípios - são tão importantes que determinam a natureza básica do modelo, fazendo com que as suas partes principais se encontrem estandardizadas. São universavelmente aceites, não variando de país para país.

Tradições - incidem sobre aspectos menos importantes, mas permitem a uniformização do modelo dentro do país. Deste modo, as informações contabilisticas de diferentes países são compativeis nos seus princípios, diferentes, no entanto, de acordo com as tradições.

Leis - destinam-se a reforçar os princípios e tradições existentes e/ou a estabelecer regras a que as empresas devem aderir.


A normalização contabilística consta de planos de contabilidade que compreendem, fundamentalmente:

Elaboração de um quadro de contas, que deve ser seguido pelas unidades económicas;

Definição de conteúdos, regras de movimentação e articulação das contas definidas no quadro de contas;

Concepção de mapas - modelos relativos a determinadas peças finais a apresentar pelas unidades econ ómicas (Balanço, Demonstração dos Resultados e Anexo ao Balanço e à Demonstração dos Resultados, Demonstração de Resultados por funções, Demonstração de Origem e Aplicação de Fundos, Demonstração das Variações dos Fundos Circulantes).

Definição de princípios contabilisticos e dos critérios valorimétricos a utilizar na contabilidade


Assim, a normalização contabilística apresenta vantagens em diversos domínios para:

A empresa - que poderá mais facilmente comparar os dados obtidos com o de outras empresas do sector;

O técnico de contas - que terá à sua disposição um instrumento orientador dos procedimentos a adoptar;

Os interessados na situação económico-financeira da empresa: que facilmente poderão retirar ilações à situação da empresa;

A economia nacional - que poderá dispor de dados mais exactos que certamente determinarão uma análise mais correcta do sector empresarial em estudo;

Os serviços fiscais - que disporão de elementos para possibilitar uma maior justiça na tributação das empresas.



Se cada empresa elaborasse, com liberdade, o seu SNC – Código de Contas, era necessário que os utentes da sua informação aprendessem todos estes planos para poderem obter informações credíveis.

Por todas estas razões, surgiu a normalização contabilística, ou seja, a definição de normas gerais, de um plano comum para todas as empresas.

Em Portugal a normalização contabilística encontra-se alicerçada no SNC – Código de Contas, actualizado em 2009-09-15 pela portaria nº 1011/2009.

As entidades externas que poderão recorrer a estas demonstrações financeiras são:



Entidades
Informação
Accionista / investidores
Accionistas – informação que lhes permita avaliar a capacidade de a empresa pagar dividendos;
Investidores – informação que os ajude a tomarem decisões:
O que comprar?
O que manter?
O que e quando vender?
Trabalhadores
Informação sobre a estabilidade económico-financeira da empresa.
Entidades financeira
Informação que lhes permita avaliar a capacidade de cumprimento dos pagamentos relativos a empréstimos concedidos.
Fornecedores e outros credores
Informação sobre a liquidez e solvabilidade dos seus clientes.
Clientes
Informação sobre a continuidade da empresa, principalmente se está em causa a sua própria continuidade.
Governo
Informação sobre a distribuição de recursos e actividade empresarial.
Informação que permita regulamentar a actividade das empresas e a determinação das políticas de tributação.
Público
Informação sobre as tendências e desenvolvimento das actividades empresariais.